domingo, 25 de abril de 2010

Filosofia e Ciência (aula 2) - 8ª série e Ensino Médio

Tema da aula

Período Cosmológico: os pré-socráticos
ou filósofos da natureza

Problematização (explicitação) do tema

Sabemos que o senso comum (conhecimento espontâneo) perpassou toda a história da humanidade, trazendo muitas contribuições para os sujeitos em nossa sociedade atual, tanto nas relações com seus semelhantes quanto na resolução de problemas do dia-a-dia. Sabemos também que o método científico-experimental é fruto de uma metodologia conquistada recentemente pela humanidade. Porém, precisamos saber que tipo de ciência predominou entre os filósofos antigos, quando os mesmos, a aproximadamente 2.500 anos atrás, desvincularam a razão do pensamento mítico.
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Objetivos
Conteúdos
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1 . Compreender qual é a relação entre filosofia e ciência no mundo antigo;
2. Compreender qual era o método utilizado pela filosofia e pela ciência na antiguidade;

Habilidades:

1. Auxiliar para que os alunos desenvolvam a capacidade de analisar e interpretar de forma coerente tanto os textos, quanto a própria realidade;
2. Auxiliar os alunos a desenvolverem a habilidade de concentração, bem como a capacidade de escrever e sistematizar logicamente;
3. Ajudar os alunos a criar suas próprias formas de pensar, bem como de levantar e enfrentar problemas por meio do raciocínio lógico.

Procedimentos e materiais
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1º Passo: Apresentação das pesquisas solicitadas na aula anterior sobre os pré-socráticos.
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Vídeos que poderão subsidiar o trabalho do professor e complementar as apresentações dos alunos.
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Os Pré-socráticos - arkhé versus ousia: http://www.youtube.com/watch?v=uT8s-6nLhHY&feature=related

sábado, 3 de abril de 2010

Filosofia e Ciência (aula 1) - 8 série e Ensino Médio

Tema da aula

Distinção entre senso comum, conhecimento científico e filosofia
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Problematização (explicitação) do tema

Nesta aula iremos buscar compreender dois conceitos fundamentais para começarmos a entender um pouco dos aspectos históricos, tanto da filosofia quanto da ciência, que perpassaram desde a ciência grega até o mundo contemporâneo, a saber: o senso comum (conhecimento espontâneo) e o conhecimento científico. O senso comum esteve sempre presente na vida das pessoas, já o conhecimento cientifico é, conforme Arranha e Martins, “uma conquista recente da humanidade: tem apenas trezentos anos e surgiu no século XVII com a revolução galileana” (1986, p. 119). Porém, mesmo que o método científico abranja uma pequena parte da historia da humanidade, o conhecimento tanto dos antigos quanto dos medievais não eram extraídos apenas do senso comum. Mas conforme as mesmas autoras salientam, “desde a Grécia de antes de Cristo, os homens aspiram a um conhecimento que se distinga do mito e do senso comum” (ibidem), isso porque nessa época já havia um saber rigoroso.
Será de extrema importância analisar nesta aula, juntamente com o senso comum e o conhecimento científico, o que se entende por filosofia e qual seu papel exercido em relação aos dois primeiros conceitos. Dessa forma, poder-se-á compreender as três formas de conhecimentos presente nos conteúdos a serem trabalhados no estágio I.
Para compreendermos esses três tipos de saberes (senso comum, conhecimento científico, filosofia) devemos primeiramente entender algumas questões que nos possibilitaram entender com maior precisão esses conceitos. As principais questões a serem analisadas nesta aula serão as seguintes:
1. Que tipo de conhecimentos abrange o senso comum?
2. Ele tem alguma importância na vida das pessoas?
3. Ele é inato nos seres humanos ou é desenvolvido histórico e culturalmente por meio das experiências?
4. Tem algum problema em permanecemos, em nossos dias atuais, com nossos conhecimentos apenas no nível do senso comum?
5. O que é o conhecimento científico?
6. Ele é inato nos seres humanos ou é constituído mediante experiências?
7. Quais são as principais especificidades do conhecimento científico que o diferencia do senso comum?
8. Qual é a relação entre filosofia e senso comum?
9. Qual é o papel desempenhado pela filosofia em relação à ciência?
(obs: Nesta aula será trabalhado o conhecimento cientifico apenas de forma superficial, onde não será adentrado em questões sobre a abrangência e limites de tal conhecimento. Esse problema será trabalhado no decorrer de algumas aulas)

5. Objetivos

Conteúdos:

1. Identificar quais são as principais especificidades que compõem o senso comum e o conhecimento cientifico, bem como suas respectivas diferenças;
2. Compreender qual é o papel exercido pelo senso comum na relação homem-mundo;
3. Compreender como se origina tais conhecimentos na vida dos seres humanos, bem como se todos os possuem;

Habilidades:

1. Auxiliar para que os alunos desenvolvam a capacidade de analisar e interpretar de forma coerente tanto os textos, quanto a própria realidade;
2. Auxiliar os alunos a desenvolverem a habilidade de concentração, bem como a capacidade de escrever e sistematizar logicamente;
3. Ajudar os alunos a criar suas próprias formas de pensar, bem como de levantar e enfrentar problemas por meio do raciocínio lógico.
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Procedimentos e Materiais (indicação)
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1º Passo: Apresentar para a turma os procedimentos adotados e o tema a ser trabalhado nesta aula: cabe aqui salientar o que será discutido, neste caso o senso comum, o conhecimento cientifico, bem como, o modo como esses conceitos serão trabalhados nesta aula. Serão explicados aqui os passos seguintes;

2º Passo: Levantar para os alunos as seguintes questões: Vocês já ouviram falar em senso comum e conhecimento científico? O que você entende por senso comum? E por conhecimento científico? Ao mesmo tempo em que as perguntas vão sendo direcionadas aos alunos serão expostas no quadro as suas respectivas respostas;

3º Passo: Entregar, para os aos alunos lerem, o texto “Senso comum e conhecimento cientifico”[1] (vide em anexo texto) e o capítulo 1 “Atitude científica” de uma das obras de Marilena Chauí[2] (Convite à filosofia). Porém os alunos não irão ler os dois textos, mas sim apenas um deles, isto é, metade da turma lerá um e a outra metade o outro. (8 min).

4º Passo: Levantar as questões para então iniciar o debate: as questões que serão utilizadas para esse debate são aquelas presentes no item problematização (explicitação) do tema, somente da questão 1 até a 7. Elas serão, após a leitura do texto, direcionada aos alunos, para poder assim fazer com que os mesmos não apenas escutem, mas que também participem ativamente das aulas.
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Para melhor compreender a diferença entre conhecimento científico e senso comum recomendo assistir com os alunos o vídeo "Senso comum e a Ciência":

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5º Passo: Após entendermos esses dois conceitos, será introduzido um terceiro, o da filosofia, onde será feita uma comparação desse em relação aos dois primeiros, buscando responder as questões expostas no item problematização (explicitação) do tema, sendo que serão utilizadas somente as questões 8 e 9. Para Melhor compreender o que é filosofia recomendo assistir com os alunos o primeiro episódio da série "Ser ou não Ser" do Fantástico, apresentado por Viviane Mosé:
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6º Passo: Pedir para os alunos escreverem em casa o que eles entenderam por senso comum, conhecimento científico e conhecimento filosófico.
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7º Passo: Dividir a turma em grupos para que os alunos pesquisem em casa sobre os principais filósofos pré-socráticos, para apresentar na próxima aula (na verdade sempre reservo um tempo de duas ou três semanas para eles pesquisarem. Como esse planejamento precisa de duas ou tres aulas para pô-lo em prática, o bom seria propor essa pesquisa logo no início das atividades referentes aos conceitos Senso Comum, Conhecimento Científico e Conhecimento Filosófico).

[1] Esse texto não possui nenhuma referencia específica, pois foi uma montagem do próprio professor baseando-se em partes de um texto (xerox) sem referência e em partes e resultado de sua própria reconstrução.
[2] Este capítulo foi extraído da unidade 7, nomeado de “A ciência”, da obra “Convite à filosofia” de Marilena Chauí, p. 216-220.
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Anexos
Senso comum e Conhecimento Científico
1. Senso comum

Em nossa vida quotidiana necessitamos de um conjunto muito vasto de conhecimentos, relacionados com a forma como a realidade em que vivemos funciona: temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos relacionamos, temos que saber como nos devemos comportar em cada uma das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia-a-dia: a forma como nos comportamos em nossa casa é diferente da forma como nos comportamos numa repartição pública, numa discoteca, num cinema, na escola, etc. Estamos também rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos muito diversos, com os quais temos que saber lidar. De fato, para apanharmos o comboio, por exemplo, temos que saber muitas coisas: o que é um comboio e a sua função, como se entra numa estação, como se compra o bilhete, como devemos esperar o comboio, etc.
Estes conhecimentos, no seu conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum. O senso comum é um saber que nasce da experiência quotidiana, da vida que os homens levam em sociedade. É, assim, um saber acerca dos elementos da realidade em que vivemos; um saber sobre os hábitos, os costumes, as práticas, as tradições, as regras de conduta, enfim, sobre tudo o que necessitamos para podermos orientar-nos no nosso dia-a-dia: como comer à mesa, acender a luz de uma sala, ligar a televisão, como fazer uma chamada telefônica, o nome das ruas da localidade onde vivemos, etc., etc...
Você, com certeza, já deve ter ouvido alguém dizer: "Dize-me com que andas que eu te direi quem és"; ou: "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando". Esses dois exemplos nos mostram com o senso comum se manifesta através dos ditos populares, das crenças do povo. É um verdadeiro receituário para o homem resolver os seus problemas da vida diária. É um saber não-sistematizado mas muito útil para guiar o homem na sua vida cotidiana.
É, por isso, um saber informal, que se adquire de uma forma natural (espontâneo), através do nosso contacto com os outros, com as situações e com os objetos que nos rodeiam. É um saber muito simples e superficial, que não exige grandes esforços, ao contrário dos saberes formais (tais como as ciências) que requerem um longo processo de aprendizagem escolar. O senso comum adquire-se quase sem se dar conta, desde a mais tenra infância e, apesar das suas limitações, é um saber fundamental, sem o qual não nos conseguiríamos orientar na nossa vida quotidiana.
Sendo assim, torna-se facilmente compreensível que todos os homens possuam senso comum, mas este varia de sociedade para sociedade e, mesmo dentro duma mesma sociedade, varia de grupo social para grupo social ou, também, por exemplo, de grupo profissional para grupo profissional.
Mas, sendo imprescindível, o senso comum não é suficiente para nos compreendermos a nós próprios e ao mundo em que vivemos, pois se na nossa reflexão sobre a nossa situação no mundo, nos ficarmos pelos dados do senso comum, por assim dizer os dados mais básicos da nossa consciência natural, facilmente caímos na ilusão de que as coisas são exatamente aquilo que parecem, nunca nos chegando a aperceber que existe uma radical diferença entre a aparência e a realidade. Somos, imperceptivelmente, levados a consolidar um conjunto solidário de certezas, das quais, como é óbvio, achamos ser absurdo duvidar: temos a certeza de que existimos, de que as coisas que nos rodeiam existem, que aquilo que nos acontece é irrefutável, de que aquilo q a mídia nos transmite é necessariamente verdadeiro etc...
Contudo essas certezas são questionáveis, pois se baseiam em aparências. E há muitas aparências que se nos impõem com uma força quase irresistível, por exemplo: aparentemente o Sol move-se no céu (não é verdade que esta foi uma convicção aceite, durante muitos séculos, pela comunidade científica?). Podemos mesmo aprender a medir o tempo a partir desse movimento aparente. Mas, na realidade, esse movimento aparente do Sol é gerado pelo movimento de rotação da terra.
O conhecimento que temos através dos sentidos é forçosamente incompleto e filtrado, pois os nossos órgãos receptores só são estimulados por determinados fenômenos físicos, deixando de lado um campo quase infinito de possíveis estímulos (por exemplo, os nossos olhos não captam quer a radiação infravermelha, quer a radiação ultravioleta, ao passo que há seres vivos que o podem fazer, o mesmo se passando com os ultra-sons). É portanto inquestionável que não conhecemos, sensorialmente, a realidade tal como ela é.
Sendo assim, os sentidos parece que nos enganam, pois os dados que nos fornecem acerca da realidade são insuficientes para alcançarmos um conhecimento verdadeiro, ou objetivo, da mesma. Por isso a Razão permite-nos alcançar conhecimentos que nunca poderíamos alcançar através apenas dos sentidos.

2. Conhecimento científico

Diferentemente do senso comum, o conhecimento cientifico é uma conquista recente da humanidade: tem apenas trezentos anos e surgiu no século XVII com a revolução galileana. Isso não significa que antes dessa data não houvesse nenhum saber rigoroso, pois, como veremos nas próximas aulas, desde a Grécia de antes de Cristo, os homens aspiram a um conhecimento que se distinga do mito e do saber comum. Sócrates, por exemplo, preocupava-se com a definição dos conceitos, através do qual pretendia atingir a essência das coisas. E Platão mostrava o caminho que a educação do sábio devia percorrer para ir da doxa (opinião) à episteme (ciência). Nesse caso, a ciência grega encontrava-se ainda vinculada à filosofia e dela se separa quando procura seu próprio caminho, ou seja, o seu método, o que vai ocorrer apenas na idade moderna.
A preocupação do cientista moderno está na descoberta das regularidades que existem em determinados fatos. Por isso, a ciência é geral, isto é, as observações feitas para alguns fenômenos são generalizadas e expressas pelo enunciado de uma lei.
Além do mais, as ciências procuram explicar de forma sistemática os fatos. Na sua procura de explicações sistemáticas, as ciências devem reduzir a indeterminação indicada da linguagem comum ao remodelá-la. A química física, por exemplo, não se satisfaz com a generalização, formulada de uma maneira vaga, segundo a qual a água solidifica quando é suficientemente arrefecida, já que o objetivo desta disciplina é o de explicar, entre outras coisas, por que a água e o leite que bebemos congelam a certas temperaturas, embora a essas temperaturas não aconteça o mesmo com a água do oceano. Para atingir este objetivo, a química física deve então introduzir distinções claras entre vários tipos de água e entre várias quantidades de arrefecimento. Várias técnicas reduzem a vagueza e aumentam a especificidade das expressões lingüísticas. Para muitos propósitos, contar e medir são as técnicas mais eficientes, e talvez sejam também as mais conhecidas. Os poetas podem cantar a infinidade de estrelas que permanecem no céu visível, mas o astrônomo quer especificar o seu número exato. O artesão que trabalha com metais pode ficar satisfeito por saber que o ferro é mais duro do que o chumbo, mas o físico que quer explicar este fato tem de ter uma medida precisa da diferença em dureza. Uma conseqüência óbvia, mas importante, da precisão assim introduzida é a de que as proposições se tornam susceptíveis de ser testadas pela experiência de uma maneira mais crítica e cuidada. As crenças pré-científicas são freqüentemente insusceptíveis de ser sujeitas a testes experimentais definidos, simplesmente porque essas crenças são compatíveis de uma maneira vaga com uma classe indeterminada de fatos que não são analisados. As proposições científicas, como têm de estar de acordo com dados da observação bem especificados, enfrentam riscos maiores de ser refutadas por esses dados.Embora a maior determinação das proposições científicas as exponha a riscos de se descobrir que estão erradas, maiores do que aqueles que enfrentam as crenças do senso comum (enunciadas com menos precisão), as primeiras têm uma vantagem importante sobre as segundas. Elas têm uma capacidade maior para ser incorporadas em sistemas de explicação amplos e claramente articulados. Quando esses sistemas são adequadamente confirmados por dados experimentais, revelam muitas vezes relações de dependência surpreendentes entre muitos tipos de fatos experimentalmente identificáveis, mas diferentes.
(Esse texto não possui nenhuma referencia específica, pois foi uma montagem do próprio professor baseando-se em partes de um texto (xerox) sem referência e em partes e resultado de sua própria reconstrução).
Referências bibliográficas

ALVES, Rubens. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.

ARANHA, Maria L. de A; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.

CHUÌ, Marilena de S. Convite à filosofia. 12.ed. São Paulo: Ática, 2002.